domingo, 4 de outubro de 2009

Gasto menor com conta de luz paga renovação de aparelhos

Gasto menor com conta de luz paga renovação de aparelhos

Jornal O DIA 04/10/09
Livre do risco de novo racionamento de energia, consumidor descobre que investir em eletrodomésticos tem retorno em até dois anos. Simples troca de geladeira pode render economia mensal de até R$ 100 nas despesas da família

POR MICHEL ALECRIM, RIO DE JANEIRO

Rio - Quando a conta de luz começa a ficar fora de controle, é sinal de que não adianta apenas mudar os hábitos da família. Para reduzir os gastos com energia elétrica, muitas vezes alguns investimentos precisam ser feitos. Trocar eletrodomésticos antigos e reformar a fiação elétrica são recomendações de especialistas. Com a redução na fatura, as mudanças se pagam em um ou dois anos.
Além do avanço na tecnologia, que permitiu a fabricação de aparelhos mais eficientes, os eletrodomésticos mais antigos levam desvantagem por causa do desgaste. O tempo faz com que o consumo de energia seja ainda maior.
Chefe da Divisão de Eficiência Energética na Oferta da Eletrobrás, Emerson Salvador explica que depois de 10 anos de uso, o gás refrigerante das geladeiras perde capacidade de gelar. Com isso, o motor é forçado a trabalhar mais. A perda de aderência da borracha da porta é outro fator de desperdício. “Com 15 anos de uso, o consumo pode até dobrar”, diz o especialista.
Para saber se está levando vantagem na hora da compra, o consumidor precisa verificar se o modelo tem categoria A no Selo Procel, criado pela Eletrobrás. Ele só é dado para produtos que usam materiais mais modernos e motores mais eficientes. O professor Angelo Telesforo resolveu trocar sua geladeira velha de duas portas por nova de uma. Espantado com a redução na conta, religou a antiga por um mês para testar. Era isso mesmo: a diferença chegou a R$ 100. “Nos dias em que tiver visita em casa, acho que o espaço será pequeno. Mas com certeza valeu a pena”, avalia ele.
Graças à certificação oficial, outros produtos ficaram econômicos. Há cerca de um ano, os ventiladores de teto, que pesam na conta no verão, ganharam o selo. O resultado é que agora estão saindo de fábrica 60% mais econômicos. Ter um antigo é queimar dinheiro na corrente elétrica.
No Natal, já devem chegar às lojas as primeiras TVs de LCD com selo Procel. A certificação, no entanto, só vai valer para o modo stand by (ligada apenas na tomada). Mas, ao contrário do que muitos pensam, silenciosamente esses aparelhos também gastam. Com o selo, a economia por ano deve ser de R$ 54. A perda de energia dentro de casa não ocorre apenas no uso de eletrodomésticos e eletrônicos obsoletos. A rede elétrica antiga e o acúmulo de aparelhos numa mesma tomada têm como resultado conta cara.
O perigo de curto-circuito reforça a necessidade dos cuidados. Segundo a engenheira Regina Moniz, do Conselho de Energia do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio (Crea-RJ), a cada 10 anos, as casas precisam de revisão na rede. Com 15 anos de idade, o desperdício médio é de 20%. Segundo ela, o problema maior é ter chuveiros elétricos ligados na rede comum da casa, em vez de ter um circuito só para eles. “O mais importante é a questão da segurança, mas investir na reforma da rede elétrica baixa a conta também”, explica.

ORIENTAÇÕES DE ECONOMIA

GELADEIRA O aparelho precisa ter afastamento de no mínimo 15 centímetro das paredes e do teto. Também não é recomendável colocá-lo ao lado do fogão. Para economizar energia, evite abrir e fechar a porta toda hora e não coloque alimentos quentes. Procure não obstruir a circulação de ar no seu interior.
FERRO DE PASSAR Não é recomendável ligá-lo enquanto muitos aparelhos estiverem em uso por causa da sobrecarrega na rede elétrica. Junte a maior quantidade de roupa possível para ser passada de uma só vez.
CHUVEIRO ELÉTRICO Como o aparelho consome muita energia, procure tomar banhos curtos e desligue a água na hora de se ensaboar. Só use o modo inverno quando estiver muito frio. Só use resistências originais.
ILUMINAÇÃO Tente aproveitar ao máximo a iluminação natural e durante o dia evite acender as lâmpadas. Pintura com cores claras nas paredes ajudam a dar mais luminosidade com menor potência. Ao sair de um cômodo, não se esqueça de apagar a luz. Outro conselho importante é comprar de preferência lâmpadas fluorescentes.
AR-CONDICIONADO Não exponha o aparelho ao sol, colocando proteção que não tampe a saída de ar. Feche cortinas e persianas.

Comunidades têm serviço gratuito
Por causa da dificuldade para pagar a reforma da fiação em suas casas, moradores de comunidades carentes do Rio estão recebendo o serviço gratuitamente das concessionárias de energia. No Rio, a Light já melhorou instalações de casas no Santa Marta, onde 700 geladeiras novas e 7 mil lâmpadas fluorescentes foram distribuídas. A próxima comunidade a ser beneficiada é a Cidade de Deus. “Houve economia de 25% e ninguém foi privado de nada”, explica José Márcio Ribeiro, assessor de Operações da Light.A Ampla também procura fazer a conta de luz dos mais pobres caber no bolso. Além do conserto da fiação em 16 mil residências, a troca de 125 mil lâmpadas e a distribuição de 2 mil geladeiras, a concessionária introduziu no estado invenção que vem de Minas Gerais.
Aparelho que aquece a água antes de entrar no chuveiro vem sendo doado a instituições filantrópicas. Consumidores individuais podem encomendá-lo no site http://www.rewatt.com.br/. “Com todas essas medidas, estamos reduzindo o furto e, com isso, a tarifa fica mais barata para todo mundo”, explica o diretor de Relações Institucionais da concessionária, André Moragas.

CRISE DO ‘APAGÃO’ MUDOU HÁBITOS
Por conta da falta de investimentos no setor elétrico e pela escassez de chuvas, os brasileiro tiveram que economizar nos gastos em 2001. O racionamento recebeu o apelido de “apagão”, por conta das quedas que começavam a deixar as cidades às escuras no início da crise. Quem poupava muito tinha descontos, mas quem não reduzisse o consumo ou até elevasse seus gastos era multado com tarifa maior.O “apagão” fez a maioria dos brasileiros mudar os hábitos e alterações foram incorporadas permanentemente ao cotidiano. Apesar de seu aspecto negativo, especialistas observaram um lado educativo na crise. Muitos consumidores passaram a adotar lâmpadas fluorescentes em vez das incandescentes. Outro hábito que a crise mudou foi o de estocar comida no freezer. Apesar de o aparelho ter sido durante muito tempo símbolo de conforto e status, ao serem desligados, acabaram se mostrando desnecessários.

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