domingo, 8 de julho de 2012

Elas são mais comuns nas muitas regiões do país onde a rede pública de tratamento de esgoto ainda não chegou. Mas já começam a surgir, também nas grandes cidades, casas com estações próprias para tratar seus detritos que incluem um sistema de reaproveitameto da água. O espaço utilizado por elas é bem pequeno: cerca de quatro metros quadrados. E o melhor, os custos nem são tão altos assim. Com cerca de R$ 6 mil é possível construir uma ETE (estação de tratamento de esgoto) em uma casa de três quartos com cinco moradores.
— Estima-se que cerca de 30% a 40% do que é consumido em água numa residência poderia ser não-potável. Se a água tratada pela ETE for utilizada para estes fins, a economia chega a 30% — destaca Daniel Xavier, diretor comercial da Rotogine Saneamento Ambiental, uma das empresas que fornecem esse tipo de estação.
Segundo Xavier, 95% das pessoas que têm ETEs em casa estão em áreas sem rede pública e a maioria não incluiu o sistema de reaproveitamento:
— Ainda existe muito preconceito e receio com a qualidade da água de reutilização. Os sistemas mais populares, de fossas negras, realmente não podem ser usados para reaproveitamento. Mas existe também uma questão cultural. Sempre investimos mais em redes e elevatórias para mandar o esgoto para longe das moradias do que na qualidade do tratamento. E, para ser sustentável, é preciso resolver a questão na origem, diminuindo a geração do esgoto ou reaproveitando-o.
E não é só nas casas que é possível instalar estações próprias. Prédios, mesmo os mais antigos, também podem ter suas ETEs. Os custos vão depender do volume de esgoto de cada edifício e das adaptações necessárias para a reutilização, como rede hidráulica independente, caixa d’água, cisternas extras e bomba. Mas, geralmente, para um prédio de cinco andares com aproximadamente 80 moradores, a instalação fica em R$ 50 mil.
Adepta do sistema, a arquiteta Viviane Cunha costuma convencer os clientes das vantagens de se incluir elementos sustentáveis em suas obras:
— O ideal seria que todo mundo tivesse uma estação em casa. O processo de tratamento é biológico, não é preciso usar nenhum tipo de produto químico porque são as bactérias que transformam a parte orgânica.
Até 90% da "sujeira" é retirada da água, que para ser reutilizada precisa receber cloro. Mesmo assim, ela não se torna potável, por isso, não pode ser usada para beber ou cozinhar. Mas serve muito bem às descargas dos banheiros e à irrigação de jardins. E o sistema também pode ser associado a outro, de captação da água da chuva, como Viviane está fazendo em uma casa no Humaitá. Com três andares, três quartos e cinco banheiros, o imóvel terá um sistema que capta as águas pluviais para uso nas descargas e em seu telhado verde. A água que sai da estação de tratamento será usada apenas na irrigação de uma parede verde (na verdade, o muro que separa a residência do imóvel vizinho).
Outra vantagem apontada pela arquiteta é que a estação pode ser enterrada, sendo possível escondê-la com projetos simples. Na casa do Humaitá, por exemplo, a solução foi um deque de madeira plástica que, além de sustentável, é mais leve. E pode ser facilmente levantado para liberar o acesso aos tanques e caixas que compõem o sistema. Segundo Xavier, até os moradores podem fazer a manutenção:
— É muito simples e pode ser realizada por qualquer pessoa treinada.
Mensalmente é preciso checar o funcionamento da bomba e a quantidade de cloro; a cada três meses, são as caixas de gordura que precisam ser vistoriadas e limpas; e apenas uma vez ao ano será retirado o lodo da ETE através de um serviço do tipo "limpa-fossa".

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